sábado, 7 de abril de 2018

O Gigante


Ah, Outono, que tuas folhas caiam
que seu riacho derradeiro encha as ruas
que o clangor da massa atravesse ventos
atravesse ventos, no maior dos intentos

É, Outono, você chegou, e de luta vestiu as ruas
Abriu as portas para os pequenos engrandecerem
para os doentes curarem-se das dores
para o Gigante rir-se de inimigos sem pudores

Pergunto-me quando, Outono, que tu fizeste sua morada no mundo
por que reagiu ao verão secando terras e sofrimento
por que antecede a neve eterna das geleiras
Por que Outono, foi escolhido para derrubar a maior das cerejeiras

Seus ventos me entristecem hoje, o caminho já foi traçado ao Gigante
Vê-lo partir, mesmo sem conhecê-lo é adormecer sem sonhos sentir
É respirar sem ter ar para abraçar os pulmões
É não sangrar a dor que fere e avassala os corações

Dentro de seu seio, hoje nasceu um canto muito maior
Um que tem fome por colares, especialmente os brancos
O canto irá pelos ares, Outono, ao encontro deste reles algoz
Esta carga de sujeira, o podre e atroz
Virá em forma de hinos tantos
que pelo mundo entoarão

Não haverá Deus para você, Outono
Não serão guardados para os juízes, bons sonhos
A espada dos guerreiros, hoje, encontrou a aurora
A entrega do gigante nunca terá sido agora
em uma só voz

Levanta-se a resistência dos despossuídos
A força que pensam ser inválida, os egoístas omissos
Ela encontrará sim, além do Outono, as flores que a mão do Gigante rega
Para sempre os sonhos... os sonhos que as lágrimas fecundam
nos rios de uma nova e mais bela Primavera

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