sábado, 10 de março de 2018

Reflexão sobre os sentimentos


Primeiro fragmento de um livro puído, extremamente mal cuidado... Penso, por que será?


    Estou aqui para falar do que é o sentimento. Não sou um filósofo, não sou um psicólogo, não sou muito menos um historiador, senão, de minha própria vida, mas, posso dizer com toda a certeza do universo desbravado dentro de mim, que sei bem falar sobre ele.

    Ele vem das coisas mais sutis às coisas cujo tamanho não tem dimensão. Eles são coisas sutis também sem dimensão. Sentimentos dizem respeito ao toque das mãos em algo, ao rumor do vento nos ouvidos, sendo este o vento da voz, não da brisa gelada ou do ar quente. Sentimentos são paulatinamente construídos célula por célula de nosso corpo, pois causam o arrepio dos pelos, o jubilo do sorriso, a angústia entre a garganta e o peito, as lágrimas nos olhos, o brilho nunca extinto no olhar. São todas centenas de milhões de células, juntando-se para mostrar a você algo que está acontecendo no reino de seu universo. Sentimentos são os cosmos dentro de seu universo.
 
    Esqueça a designação do ódio por sentimento. Esqueça de vez, pois, até ele deixar de ser considerado assim, continuará sendo muito forte. Pois sentimento é algo muito mais forte que qualquer aspecto de negatividade in ou voluntária. Cesse de pensar que é devido à raiva que não pode existir sentimento, é o desígnio equivocado dela que gera em última instância o ódio; não há lugar dentro do espetaculo dos sentimentos para coisas torpes, insólitas, destruidoras. Sentimento não deve nascer e nem nasceu para destruir. Se foi tratado como sentimento agora é uma árvore nodosa, nociva e que deve ser expurgada pela raiz; tão grande é, que agora para cortá-la, é necessário a ajuda de milhões de indivíduos, não de apenas uma pessoa. Esta andorinha só no céu não poderá mover verões. Mas ela pode buscar-los, com outras e criar um V magnífico no céu para se salvarem, todas juntas. Cada um de nós pode fazer isso.
  
  Tomar conta de nossa parte se faz necessário para não deixar tais absurdos surgirem em nossa caminhada. É muito maior do que a falta que a falta faz. A falta de sentimento e de vê-lo como deve ser visto, é a cegueira voluntária. Fico pensando como as pessoas podem ser tão cegas à gentileza, ao tato, ao cuidado, alheias a tudo isso e, depois, buscarem motivos para serem merecedoras de seu lugar sem nada fazerem para ver os sentimentos do outro. Viver é uma dádiva que fora dada por nossos antepassados que passaram centenas de anos até chegar aos nossos pais, apenas isso, e neste interim, muito é internalizado, há muito a ser compreendido, a falta de sentimento (o ódio propriamente dito, o extrapolar da raiva), é uma delas.

    Não há como seguir por novos prados, sem deixar uma lágrima do possível nunca retornar, para trás. É impossível ir adiante sem o medo do que pode acontecer. O medo faz a coragem fluir em todo o nosso sangue, as células borbulham e a adrenalina explode fazendo com que hajamos na força de nossas necessidades. O medo é necessário, o medo é uma dádiva dentro dos sentimentos. Mas o medo também pode cegar a aqueles que não são capazes de trazer a espada da coragem para fora da bainha. Audendum est, fortes adjuvat ipsas Venus, não há fraqueza no sentimento, há a entrega à falta dele.

    O sentimento faz ousar para que não se esteja sozinho. Na verdade, ele nunca está sozinho. As células não cansam de lutar para mandar-lhe a compreensão. É através das sinapses que encontramos verdadeiro sentido do que está ao nosso redor. Sentimentos são impossíveis sem sinapses, sem levar do corpo ao cérebro algo com que se pensar. São gigantescas linhas curvando-se a esta tarefa designada pela natureza: pensar! O verbo pensar no sentido de ir, buscando acontecer e compartilhando a razão. Novamente o ódio se vê derrotado e expulso do sentimento, pois, enquanto o primeiro aparece para excluir o indivíduo da vida, seu lar, o outro vem apenas para agregar.

    Não posso viver pensando que as pessoas não tem noção do poder destes sentimentos tão grandes, e, principalmente, de talvez o maior deles. Sentir o frio na espinha, do gelar estranho no corpo que pode parecer um cessar do coração. O receio com a esperança que gera a coragem de agir para se livrar das garras da solidão. O sentimento, não causa solidão, é puro de seu sentido e seu sentir, apenas isso. Ele deve ser cultivado com um carinho que, hoje, à mercê da frondosa e odiosa sombra, vem sendo esquecido. Esquecer a semente do sentimento ali na sombra é o maior erro da humanidade, quando na verdade deveria trabalhar nos frutos da árvore de luz e, esta, sumirá com a outra dentro das sombras de uma unidade em que não foi feito escuridão em trevas. A escuridão, a noite, nada tem a ver com o véu negro. Ninguém deve temer a escuridão! Que sejam temidas as trevas! Pois das trevas que surgem os pesadelos odiosos que colocam os sentimentos à prova.

    Quando se perde um sentimento por alguém, isso não pode transformar-se em trevas, pois é neste momento em que o ser humano deixa de ser um “ser” para no fim, tornar-se coisa. Ele vai matar, ele vai acabar com uma alma, ele vai dar vasão à árvore que não deveria nunca ter nascido. E terá acabado com vidas inteiras. Não é necessário agredir ou matar para que uma morte involuntária surja – involuntária, aquela que não escolhemos ou não temos poder sobre a natureza que nos tira da vida – e nos conceda desesperança, desarmonia, desconsolo... a lista é infindável. O que faz uma pessoa não considerar a outra?

    O que faz tantos momentos felizes serem destruídos tão facilmente pela dor? É exatamete a fragilidade que todos nós somos malditos e culpados de termos sido responsáveis de gerar pela aversão a algo. Não adianta, é sabido e muito bem, de que o que traz paz a si não fere, não destrói. Se o fizer consigo ou com outra pessoa não terá sido paz, a inverdade virá na forma de decepções duradouras. Logo, quando não atentamos ao que traz paz a nós ou/e ao outro, estamos sendo reféns de uma maldade irreal. Maldito seja este conjunto de células que foi deturpado e causou o mal pela primeira vez. Depois disso, não teve volta. Então, as pessoas pensam que suas maneiras de agir serão tratadas pelo universo com justiça. Enganam-se, pois o universo interior busca harmonia e não é eximindo-se de suas faltas causando novas dores que vão conseguir fazê-lo. Estão tão enganadas... não conseguem enxergar que por agirem contra o outro, o universo de sentimentos dentro da pessoa fará questão de ser acometido pelas faltas, e isso, vai aproximá-lo de uma decepção maior ou tão grande quanto o que foi feito à outra. Se você fizer o mal, com o mal vai ter que viver. Então resta uma pergunta, prefere servir ao mal, ou partilhar o bem?

    O problema é que as pessoas pensam que o bem que fazem, a si apenas, basta. Que suas decisões não vão ferir o outro e, por isso, são mais importantes. Enganam-se, fazem um mal gigantesco a longo prazo pois estão reféns de outra coisa que não convém ao universo dos sentimentos: o egoísmo. Indivíduos pensantes não tem a capacidade de pensar no outro que está ao lado ou que tem um relacionamento com ele. Não se faz sentimento quando se pensa apenas em si, não. Sentimento não é uno, nem imparcial. Ele é uma parte, e se faz na parte que dá a vida e que não causa a morte.

    No universo dentro de cada um encontram-se estes gêneros que também são generosos conosco. Sentimentos são generosos por serem compartilhados, transmitidos, diferenciáveis. Não devem ser deixados fazer falta jamais...


    O excerto não acaba aqui... há outras páginas, mas preciso encontrá-las na livraria... quando encontrá-las, compilarei por aqui...

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